A melodia mudava no Carrilhão no dia de Natal!!
Carrilhão no dia de Natal – Imagine um garotinho com seus 5 ou 6 anos, vivendo com seus irmãos, sua mãe e seu pai, numa casa modesta no interior de São Paulo. Eu vou chamá-lo de José.
A vida era bastante sofrida. O pai trabalhava bastante para garantir o sustento da família e a mãe em casa cuidando de tudo: casa, comida, educação dos filhos. Como era nos anos 1940.
José vivia entre a escola, a casa e as brincadeiras com os amigos que sempre eram esconde-esconde, pega-pega, bolinha de gude, pula-corda e outras das crianças do interior.
A vida corria como sempre, com poucas novidades. Um vizinho novo ou algum parente desconhecido que vinha visitar a família. Muitas coisas aconteciam de forma inesperada.
O relógio
Havia nessa casa uma relógio que fazia tic-tac.
Esse relógio também tocava uma melodia a cada 15 minutos e batia a hora. José já estava acostumado e nem percebia mais quando ele tocava.
Seu pai é quem dava corda e José acompanhava várias vezes seu pai abrir a porta do relógio, pegar a chave, colocar nos furos das cordas e girar algumas vezes. Depois disso ele acertava o ponteiro, colocava a chave dentro e fechava a porta.
Uma vez por semana era assim.
As vezes ele esquecia e o relógio parava.
Só uma vez o relógio ficou bastante tempo parado. Foi quando a avó do José ficou bastante doente e foi uma correria só. Ninguém se lembrou de dar corda no relógio.
Mas uma coisa acontecia todo ano. Sempre no dia de Natal o relógio tocava outra melodia.
Magia do Natal
Foi José quem percebeu primeiro em um dia de Natal. Garoto astuto, ouviu uma música diferente logo que acordou de manhã para pegar o presente muito simples que estava debaixo da árvore.
José chamou o pai meio assustado dizendo: – Pai, o relógio quebrou!! A música é outra!
Seu pai sorrindo colocou José no colo e com muita calma contou que esse relógio era mágico e mudava a música no dia de Natal. No dia seguinte a música voltaria ao normal.
José ficou admirado. Foi perguntar ao irmão mais velho se ele sabia disso. – Lógico que sei. Você que é besta e nunca percebeu antes! Ele não era muito legal com José, mas se gostavam muito.
E assim foi durante muitos anos. No dia de Natal o relógio tocava outra melodia.
Distância
José cresceu. Já era um homem. Como vários homens do interior naquela época, foi para a Capital, São Paulo, continuar seus estudos.
O relógio ficou na casa dos pais no interior e José nem se lembrava mais dessa história de música.
Um dia o Pai morreu, depois a mãe morreu e José, junto com os irmãos foram cuidar das coisas da casa do interior.
José quis ficar com o relógio Carrilhão. O fazia se lembrar dos Pais e da infância divertida e alegre.
Se casou, não teve filhos e vivia muito feliz com a esposa.
Descoberta
Um dia, José descobre que eu mexo com relógios e trás aquele relógio que o pai dava corda para consertar. Disse que estava parando.
Fiz a revisão do relógio como qualquer revisão. Sem surpresas.
No dia que o relógio estava pronto, José e a esposa vieram buscá-lo.
Mostrei que o relógio estava funcionando, girei os ponteiros e parava nos quartos de hora para que eles ouvissem a melodia.
José que era bem falante de repente ficou silencioso e ouvindo a melodia. 15 min, 30 min, 45 min, hora cheia.
Quando terminei olhei para José que me disse. – Essa não é a melodia que esse relógio toca.
Fiquei surpreso com a afirmação dele. Parecia que ele não sabia que o relógio dele tinha duas melodias.
- José, esse relógio tem duas melodias. Vou colocar a outra. Mudei a alavanca de seleção de melodias e girei o ponteiro de novo. 15 min, 30 min, 45 min e hora cheia.
- Agora sim. Essa é a melodia que ele toca. Disse José.
Perguntei – Você não sabia que ele relógio muda a melodia?
Pareceu que eu havia falado uma palavra mágica. “muda a melodia”.
José mudou o semblante, meio que assustado e logo em seguida emocionado. Sentou no sofá, bem abalado.
Eu e a esposa dele sem entender nada esperamos que ele falasse algo.
Ele, emocionado, começou a contar a história do dia de Natal.
- Agora entendo muitas coisas que meu pai fazia. Havia magia naquela época.
O pai dele acordava mais cedo no dia de Natal e mudava a melodia do relógio.
Hoje esse garotinho que se tornou homem, acreditando que havia magia quando criança, já não está entre nós. Ou será que está de outra forma?
Mas, acredito que a mágica sempre existiu e sempre vai existir. Basta que o garotinho ou a garotinha que está dentro de nós, possa se expressar sempre que chamarmos.
A Magia existe!
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