02
fev

Relógio de torre de Santo Agostinho – São Paulo

Relógio de Torre – Numa época que eu estava desempregado e precisava de dinheiro, estava passando em frente à Igreja de Santo Agostinho na liberdade, São Paulo e olhei para cima. Vi o relógio da torre parado. Entrei na Igreja de Santo Agostinho e fui ao encontro do então Pároco, Pe. Luiz Labrador Ramos. Já o conhecia a muito tempo. Estudei no Colégio contíguo à Igreja, também com o nome de Colégio Santo Agostinho. Quando o encontrei perguntei se eu poderia colocar o relógio de torre da Igreja para funcionar, já que estava parado a um bom tempo. Por surpresa recebi um “Sim”. Disse que teria que cobrar pelo trabalho. Outro “Sim, tudo bem”. Nem sabia o que encontraria já que NUNCA mexi com algo do tipo.Quando cheguei percebi que a suspensão havia quebrado. (Sei hoje como a peça se chama). Não sabia nem do que era feita essa mola. Que tipo de aço. Pesquisei e depois de muita procura encontrei o material. Alguns dias depois substitui e coloquei a máquina principal para rodar. Só que não permanecia em funcionamento. Comecei a procurar o motivo. Percebi que tudo estava muito sujo. Onde havia graxa, estava dura e havia pó sobre tudo. Percebi que se não limpasse tudo o relógio nunca voltaria a funcionar. Desci e falei com o Pe. Luiz sobre o estado da máquina e perguntei se poderia limpar tudo. Só que teria que descer todos os componentes. Nova surpresa. Recebi outo “Sim”.

Início dos trabalhos

Muito bem. Por onde começar. Nem isso eu sabia. Pensei que se eu documentasse teria uma chance de saber remontar e colocar para funcionar. Tirei foto de tudo, de todos os ângulos possíveis e imagináveis. Todos os detalhes foram registrados. Comecei a perceber que não era tão complicado assim. Algumas fotos antes e depois:

Santo Agostinho Repare no cabo de aço e na quantidade de graxa.
Tambor da corda e acionamento
Contador e eixo de transmissão para os painéis
Máquina de transmissão para os painéis

Pesquisei também para saber a história desta máquina. Trata-se de uma Relógio José Michelini, provavelmente produzido depois de 1941 já que foi a partir desta data que os relógios passaram a ser registrados como José Michelini e Filho Ltda, como há uma plaqueta nesse equipamento. Mais informações acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rel%C3%B3gios_Michelini

Dois funcionários do Colégio me ajudaram a descer as máquinas. São oito. A do relógio que aciona os painéis, a máquina que conta as batidas no sino, duas que fazem a transferência do movimento da máquina do relógio para as máquinas nos painéis e outras quatro, cada uma instalada em um  painel que sincronizavam os ponteiros da hora e dos minutos. Levamos tudo para uma sala no Salão Paroquial.
Tentei limpar sem desmontar, mas várias peças estavam travadas devido à condição da graxa e da sujeira. Não havia alternativa, tinha que desmontar tudo.
No dia seguinte comecei pela máquina de batidas. Muitas peças estavam gastas e precisavam ser refeitas. Depois de desmontada, consertada, polida, pintada, pintada, montada e ajustada, ficou assim. Veja antes e depois.

Santo Agostinho

A máquina principal estava em melhor estado. Somente o tambor da corda estava travado e depois de todo serviço feito:

Veja também outros detalhes.

Máquina de batidas

Máquina principal

Santo Agostinho (4

Máquina de transmissão para os painéis

Santo Agostinho (9)

Todo este trabalho levou 20 dias.
Quer saber mais? Entre em contato: marcio.saconi@gmail.com.